segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

PowerPoint: Amigo ou Inimigo?

Sendo este um tema bastante dúbio, pretendemos, inicialmente, apresentar uma breve definição do que é, realmente, o PowerPoint. Trata-se de um programa lançado no mercado pela Microsoft em 1984, que tinha como principal objectivo ser um auxílio para os oradores, simplificando e facilitando a compreensão de conteúdos por parte da audiência; permite uma apresentação mais “dinâmica”, mais apelativa – para além do texto, pode incorporar imagens, sons ou vídeos.
Actualmente, este programa encontra-se bastante banalizado, quer no campo profissional, quer no campo escolar ou mesmo no entretenimento. No entanto, o PowerPoint pode assumir o “papel principal” da apresentação, através do seu formato (layout), em detrimento do conteúdo. Desconhecem-se quais as suas vantagens e desvantagens, assunto que trataremos em seguida.
Com o auxílio das perspectivas de Edward Tufte, professor de comunicação, e de Clive Thompson, um teórico de apresentação de informação – ambos críticos assumidos do PowerPoint –, analisaremos em detalhe o impacto e as consequências que este programa pode ter na sociedade contemporânea. Para além de se tratar de uma espécie de “cábula” por parte de quem apresenta, pode também significar uma “manipulação” da informação que atinge o público, tal como afirma Edward Tufte.
Seguindo a linha de raciocínio de Tufte, este programa deixa as pessoas tão dependentes que se torna um “vírus” para os utilizadores. Com a voracidade que lhe é reconhecida, estabelece uma comparação entre o PowerPoint e os comprimidos, já que ambos, em uso excessivo, têm repercussões bastante prejudiciais, ao contrário do que era inicialmente previsto. Defende também que através da banalização deste, a forma “rouba” o protagonismo ao conteúdo, debilitando a informação. Critica e questiona a simplicidade do PowerPoint relativamente aos gráficos e afirma que por muito interessante que a imagem seja, se os dados não forem facilmente perceptíveis, podem induzir as pessoas em erro e ter graves repercussões, tal como aconteceu com o desastre de uma nave, provocado não só pelo sobreaquecimento da mesma, mas também pelo Power Point. Uma apresentação confusa induz, assim, a uma mensagem errada.
“Atira-se” fortemente àqueles que tentam enfeitar e enriquecer os textos através do PP e remata dizendo que “if your words or images are not on point, making them dance in color won’t make them relevant” – resumindo, se o conteúdo não for bom, não são as cores nem as animações que vão fazer deste importante.
Do nosso ponto de vista, uma das observações mais pertinentes de Tufte, encontra-se na utilização deste “ajudante de apresentações” nas escolas, uma vez que a falta de conteúdo já referida anteriormente, acaba por “estupidificar” as crianças, numa altura em que se formam traços fulcrais da personalidade de cada uma.
Clive Thompson, num artigo publicado no New York Times Magazine, no final do ano 2003, afirma que o PowerPoint, a ferramenta mais popular de apresentações do mundo, utilizada por mais de 400 milhões de pessoas, faz de nós imbecis. Aborda o acidente ocorrido na nave espacial Columbia de forma inovadora, atribuindo culpas do acidente não somente às falhas técnicas, mas também às falhas cometidas pelos engenheiros aquando da leitura de um PowerPoint.
Segundo Thompson, a ubiquidade deste programa força as pessoas a mutilar a informação que está para além do óbvio, as pessoas cingem-se aos tópicos apresentados em cada dispositivo e por aí “se ficam”, descurando a capacidade individual de síntese.


Na nossa opinião, o Power Point é bastante útil. Todavia, tem que se fazer um uso correcto do mesmo. Tal como tudo, ele pode ser usado para o bem e para o mal. Cabe a cada um, aprender a melhor forma de utilizá-lo. É certo que esta ferramenta veio facilitar a tarefa do orador e que tem elevados poderes no que à captação de atenção diz respeito.
Assim, somos a favor do uso do Power Point, sim! Mas... defendemos que a sociedade tem que se informar e apreender a melhor maneira de se apropriar desta ferramenta que visa auxiliar-nos e não complicar-nos a vida, para que as mensagens não sejam alteradas e deturpadas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Bom tema, boa abordagem. Força aí, pessoal